O Brasil enfrenta uma crise alarmante de violência sexual. Segundo o 19º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o país registrou 87.545 casos de estupro em 2024, o maior número desde o início da série histórica em 2011. Isso equivale a uma vítima a cada seis minutos, revelando uma realidade brutal e persistente.
📊 Panorama dos números
- Aumento de 6,7% em relação a 2023, quando foram registrados 82.040 casos
- 76,8% dos casos foram classificados como estupro de vulnerável, envolvendo crianças menores de 14 anos ou pessoas incapazes de consentir
- 88,9% das vítimas são mulheres, e 61,4% das vítimas de estupro de vulnerável tinham até 13 anos
- 65,7% dos crimes ocorreram dentro de casa, e 45,5% dos agressores eram familiares diretos
🧒 Crianças e adolescentes: as principais vítimas
A violência sexual contra menores é predominante. A maioria dos casos ocorre em ambientes domésticos, muitas vezes perpetrados por pessoas próximas, como pais, padrastos ou tios. Essa configuração dificulta a denúncia e perpetua o ciclo de abuso.
📍 Onde o problema é mais grave
As cidades com as maiores taxas de estupro por 100 mil habitantes são:
Cidade | Estado | Taxa por 100 mil hab. |
---|---|---|
Boa Vista | RR | 132,7 |
Sorriso | MT | 131,9 |
Ariquemes | RO | 122,5 |
Vilhena | RO | 108,7 |
Porto Velho | RO | 108,6 |
Esses municípios estão em regiões de expansão urbana e agronegócio, onde a presença do Estado é limitada e políticas públicas são escassas.
📉 Subnotificação e impunidade
Apesar dos números elevados, estima-se que apenas 7,5% dos estupros são notificados às autoridades. Com base nessa projeção, o número real pode ultrapassar 1 milhão de casos por ano, ou dois por minuto.
A dificuldade de coleta de provas agrava a impunidade: em 2024, foram realizadas 67.157 perícias sexológicas, mas apenas 9,8% resultaram em laudos positivos.
📱 A violência também migra para o digital
Além dos estupros físicos, houve um aumento de 13% na pornografia não consensual, evidenciando que a violência sexual também se manifesta nas redes sociais e ambientes virtuais.
🧠 O que dizem os especialistas
Samira Bueno, diretora do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, afirma que os dados representam uma epidemia silenciosa, especialmente contra crianças, e que o país precisa enfrentar a cultura do silêncio e da impunidade.
A pesquisadora Manoela Miklos destaca que o estupro é um crime majoritariamente doméstico, e que políticas públicas precisam focar “da porta para dentro” para mudar dinâmicas culturais enraizadas.
💬 Refletir sobre esses dados é urgente. O enfrentamento da violência sexual exige ações coordenadas entre governo, sociedade civil, escolas e famílias. A proteção das vítimas e a responsabilização dos agressores são passos fundamentais para romper esse ciclo.
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